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Endometriose
Quando dói ser mulher

O que é a Endometriose?

A Endometriose, ou “endo”, é uma doença inflamatória crónica que afeta maioritariamente as mulheres em idade reprodutiva. 

 

Surge quando tecido semelhante ao endométrio cresce fora do útero.  O endométrio é a camada do útero que é expelida mensalmente quando a mulher não está grávida. É portanto, uma doença estrogénio-dependente.

Esse tecido é frequentemente denominado por implantes de endometriose ou lesões de endometriose. Tipicamente localizam-se na pélvis, incluindo os ovários, as trompas de Falópio e atrás do útero.

 

Este tecido comporta-se como o endométrio: aumenta a seguir à menstruação e sangra. Como não tem por onde ser expelido pelo corpo, ao contrário da libertação do endométrio via vaginal na menstruação, forma um tecido fibroso cicatricial e cistos de sangue, também conhecidos como cistos de chocolate devido à sua cor castanha proveniente da oxidação do sangue.

Tal gera uma inflamação crónica nas zonas afetadas, dolorosa ao ponto de poder ser incapacitante e que tem associados uma série de sintomas e doenças relacionadas consoante as áreas impactadas.

A endometriose impacta várias áreas e qualidade da vida da mulher. A sua capacidade para trabalhar, relacionar-se intimamente, a fertilidade, o seu humor e estado anímico, as finanças...

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Estágios da endo

Números da endo.jpg

10% a 31% das mulheres em idade fértil tem endometriose

Quando a matemática não bate certo...

Quando comecei a minha investigação para fundamentar os números da endometriose deparei-me com dois grandes problemas. O primeiro é que por incrível que pareça, não há estatísticas consolidadas sobre esta doença que afeta tantos  milhões de mulheres! O segundo, é que os números que há não batem certo e apenas revelam o quanto estamos perante uma doença subvalorizada e pouco estudada:

  • Afeta 10% das mulheres em idade reprodutiva, ou seja, 190 milhões de adolescentes e mulheres em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, num artigo publicado no seu website em 2023 [1]
     

  • Se considerarmos o mesmo critério que o Instituto Nacional de Estatística, considera-se mulher em idade fértil a que está entre os 15 e os 49 anos [2]. De acordo com os dados da Pordata atualizados a 17 de março de 2023, havia 2.223.648 mulheres residentes em Portugal em 2023. 10% seriam 222.365 mulheres em Portugal.
     

  • Porém, curiosamente no mesmíssimo dia, é noticiado pela Agência Lusa um inquérito conduzido em 2022 pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia  que apontava para "a existência no país de cerca de 350 mil mulheres com a patologia, uma em cada 10 em idade fértil, a maioria entre os 30 e os 35 anos." [3]

  • Claramente, a matemática não bate certo. Se considerarmos o número de 350 mil mulheres, então não estamos perante uma cada 10 mulheres, mas sim 15.74% das mulheres dos 15 aos 49 anos.
     

  • A ginecologista Dra. Margarida Martinho, num artigo publicado pelo Público em 2024, dá-nos conta que  estima-se que hajam 228 mil casos diagnosticados em Portugal [4].
     

  • Finalmente, se tivermos em linha de conta o artigo do ginecologista Dr. António Setúbal no site do Hospital da Luz que nos relata que "estima-se que a incidência de endometriose em Portugal seja de cerca de 700 000 casos", então estamos perante o virtiginoso número 31.48% das mulheres em idade fértil. Um terço de nós tem endometriose e mais de dois terços, 67.43% não está diagnosticada [5].

A título de curiosidade e para dar aqui uma perspetiva da ordem de grandeza, qualquer que seja o número que considerarmos, se és mulher em idade fértil, é muito mais provável teres endometriose do que diabetes. Em 2018, a diabetes afetava apenas 1.4% das mulheres entre os 20 e os 39 anos [6]. Perante estatísticas tão amargas, o melhor mesmo é evitar os doces.

FALTA AQUI % que tem dor pélvica e dados infertilidade

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Dor menstrual
não é normal.
Dor a fazer amor
não é frescor.

7 anos e 7 a 8 médicos depois...
Os obstáculos ao diagnóstico de endometriose

Ser mulher é dor

"Há um atraso de cerca de sete anos no diagnóstico de endometriose. A mulher passa entre sete a oito médicos até chegar ao diagnóstico” - quem o diz é o Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR) para a Região Sul em entrevista à CNN Portugal [].

Em causa está antes de tudo uma cultura da dor na mulher. Somos criadas para aceitar passivamente que tenhamos de sofrer na menstruação e às vezes até no sexo. "A tua avó também sofria muito!", "A filha da vizinha outro dia quase desmaiou!", "Mulher sofre, minha filha..." e por aí vai. Por todo o lado crescemos rodeadas de como ser mulher é uma sentença à dor a vida inteira por todos os motivos e mais alguns.

 

Por isso, muitas mulheres suportam e calam as dores, acreditando que é normal.

Dor menstrual não é normal.

Dor a fazer amor não é frescor.

 

Se a cólica menstrual não cede a um paracetamol, algo não está bem. Se há mais que um ligeiro desarranjo intestinal, algo não está bem. Se o sexo dói, algo não está bem.

 

​​​

Descriminação

Qual é a mulher que nunca se sentiu descriminada, desrespeitada e silenciada baixo o preconceito de histérica,  neurótica, exagerada e, mais recentemente, como alguém que cujos sintomas são psicossomáticos?

Há apenas 100 atrás, Freud e o seu famoso e prodigioso discípulo Reich consagravam na psicanálise a ostracização da mulher como ser psicologicamente débil e dado a achaques nervosos. Tanto assim que se chegou ao ponto de induzir orgasmos às pacientes como tratamento. Ou choques elétricos...

​Não é de estranhar que nós mulheres nos calemos. E que as que não se calem fiquem sem resposta às suas queixas ou oiçam algum comentário desagradável.

 

 

Dificuldade de diagnóstico

Os tradicionais exames anuais de prevenção cingem-se a ecografias endovaginais e análises ao sangue. As análises ao sangue não acusam endometriose. E a eficácia das ecografias endovaginais vai depender muito do padrão da doença na doente e da perícia do técnico. As células endometriais podem ser um pontilhado disperso difícil de observar e, logo, de diagnosticar.

 

A isto acresce a enorme variedade de localizações da endometriose e possíveis sintomas. Imaginemos que o seu maior sintoma é uma dor no glúteo. A sua endometriose pode estar a afetar o nervo ciático.

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Tratar a endometriose

 Os tratamentos para a endometriose dependem da gravidade e do objetivo. A primeira linha de tratamento é a terapia hormonal para reduzir dores e fluxo menstrual ou até mesmo inibir a menstruação. Paralelamente com a analgésicos mais fortes, ou combinado com um anti-espasmódico.

 

A fisioterapia pélvica pode também ser importante para gerir a dor crónica ou reduzir as cicatrizes de endometriose ou da cirurgia, nomeadamente com radio frequência.

Pode ser necessário ou aconselhável a criopreservação de óvulos ou fertilizações in vitro.

Nos casos mais severos, em que hajam muitas queixas, perigo ou mesmo em que órgãos estão a ser impactados, a cirurgia pode ser necessária. Esta pode ser mais ou menos conservadora, consoante o caso. Tenta-se sempre evitar a remoção dos ovários e do útero, o que causaria todas as complicações de uma menopausa precoce.

A taxa de recorrência duma cirurgia conservadora está entre os 6 e os 30% e é inversamente proporcional à idade [].

[1] World Health Organization: WHO & World Health Organization: WHO. (2023, 24 de Março). EndometriosisAcedido em 23 de Outubro de 2024. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/endometriosis
 

[2] Instituto Nacional de Estatística. (2014, 16 de Junho). Metainformação. Instituto Nacional De Estatística. Acedido em 23 de Outubro de 2024. https://www.ine.pt/bddXplorer/htdocs/minfo.jsp?var_cd=0000607&lingua=PT

 

[3] Lusa, A. (2023, 17 de Março). Desvalorização dos sintomas de endometriose leva a diagnóstico tardio. “Dor menstrual ou associada às relações sexuais não é normal.” CNN Portugal. Acedido em 23 de Outubro de 2024. https://cnnportugal.iol.pt/endometriose/mulheres/desvalorizacao-dos-sintomas-de-endometriose-leva-a-diagnostico-tardio-dor-menstrual-ou-associada-as-relacoes-sexuais-nao-e-normal/20230317/64146511d34ed4d514fabf5f​​

 

[4] ​Martinho, M. (2024, 26 de Março). Os segredos da endometriose. PÚBLICO. Acedido em 23 de Outubro de 2024. https://www.publico.pt/2024/03/26/impar/opiniao/segredos-endometriose-2084878

[5] 
Setúbal, A. (2023, Fevereiro). Endometriose. Hospital Da Luz. Acedido em 23 de Outubro de 2024. https://www.hospitaldaluz.pt/pt/dicionario-de-saude/endometriose-sintomas-tratamentos

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